quarta-feira, 17 de julho de 2019

"Qual a sua visão de teatro, antes e depois da Cia Ikarus?" - Parte 2

A seguinte pergunta foi feita aos membros da Cia Ikarus. Confira as respostas:


"Qual a sua visão de teatro, antes e depois da Cia Ikarus?"



João Pedro: "Antes, para mim, o teatro era só mais uma expressão artística que era bem mais fácil de se fazer do que as outras. Depois de fazer parte da Ikarus, percebi que o teatro é bem mais complexo do que se pensa e comecei a ver o quão fascinante é essa expressão, pra mim o teatro hoje é um caso de amor eterno."


Davi B. Vieira"Antes eu pensava que teatro fosse algo difícil, complicado e que demandasse de muito tempo e dedicação. Depois da Ikarus, percebi que, apesar de tudo isso, é algo extremamente prazeroso e cheio de possibilidades."



Pedro Ruan: "O teatro, para mim, sempre foi uma forma de se expressar muito legal, era algo que transpirava tanto em corpo quanto em fala, mas eu nunca curti muito falar em teatro. A Cia Ikarus chegou a mim em movimentos leves que me chamaram muita atenção, se expressar principalmente pelo corpo, tudo isso me encanta bastante. Corpo, movimento e equilíbrio. É isso, a Cia Ikarus me dá esse conhecimento em arte que é incrível."

Felipe Alves: "Antes da Cia Ikarus, eu via o teatro como arte, e que eu jamais iria conseguir fazer algo do tipo por conta da vergonha, achava que só alguém que não tem vergonha faria isso, e, quando eu via, achava bonito e sentia vergonha alheia, e também achava que teatro era coisa de gay, aí só piorava tudo. Aí conheci um amigo (Vinícius), e ele disse que fazia teatro, e eu fiquei tipo "tu é gay?". E ele me quebrou muitos tabus, e eu me senti à vontade de me desafiar a entrar no teatro, do nada minha vergonha sumiu e fui. E deu super certo, foi uma das melhores decisões que já tomei na minha vida a de entrar para o teatro. Lá acabei descobrindo que era isso que eu sempre precisei, era isso que me faltava, a arte de atuar! Nunca pensei que pudesse fazer isso tão bem e com total liberdade, hoje agradeço muito a todas as pessoas que formam essa família, porque lá foi onde eu amadureci e vou amadurecer cada vez mais! Porque amo fazer isso, e o teatro me ensina a ser melhor do que eu mesmo a cada dia que passa."

Ana Valéria: "Depois de entrar, percebi que antes eu não tinha visão nenhuma."

Deyvidson Lima: "Na real, eu enxergava o teatro muito como uma ferramenta para perder timidez. Eu era tímido e admirava quem fazia teatro, porque geralmente eram pessoas que falavam bem e tals. Mas depois que entrei na Ikarus, vi que é muito mais. Porque acho que quando você mergulha nas artes, você passa a se conhecer melhor e a ter uma visão de mundo mais clara. Evoluí muito como pessoa, principalmente em termos de criatividade - que hoje eu consigo levar para várias áreas da minha vida - e me engajar, seja em projetos ou qualquer outra coisa, contribuindo de maneira ativa e criativa."

Rubênio Filho: "Quando eu estudava sobre o Teatro (no caso, ainda estudo) eu tinha uma visão completamente diferente do que realmente é o Teatro. Depois que entrei na Ikarus, vi um mundo novo, minha imaginação se despertou demais. Comecei a ver coisas onde eu não via nada. Comecei a enxergar as coisas com outros sentidos.”

Vito Neto: "Antes, que era algo que eu nunca conseguiria participar. Hoje, é uma das minhas coisas que mais amo fazer."

Pedro Peixoto: "A visão que eu tinha relacionado ao teatro obviamente mudou desde que entrei para a Cia Ikarus, e foi para algo positivo, pois, desde o dia que iniciei como ator dentro da companhia, vivenciei momentos únicos, como as oficinas e os próprios ensaios, onde é algo mágico, pois é onde vemos a mágica por trás de um espetáculo belo acontecer! Antes eu tinha uma visão vaga em relação ao teatro em geral, já hoje, depois de uma pequena experiência, vejo que, pelo menos uma vez em nossas vidas, devemos dar uma chance a essa arte incrível."

Abigail de Sá: "O teatro não é só falado, teatro não é só a peça pronta em cima do palco. O teatro além de dar uma nova visão de tudo, ele ensina e forma os atores, não só para o palco, mas sim para a vida."

Carlos Ryan: "Antes de qualquer contato presencial com o teatro, eu pensava que ele era aquilo retratado em programas de televisão, que era sobre extensos diálogos, romances e outras coisas a qual eu não tinha interesse. Pior ainda, eu sabia que mesmo que eu quisesse, nunca teria a "coragem" pra fazer algo tão "público". No entanto, após participar da criação de uma performance teatral durante a época de escola, minha visão ampliou-se bastante. Abandonei muitos de meus medos e entrei na Cia Ikarus. Desde então, passei a enxergar as artes cênicas como uma poderosa ferramenta de catarse em minha vida."





Publicado por: Carlos Ryan

terça-feira, 9 de julho de 2019

Encontro do PARFOR

Ontem, o diretor da Cia Ikarus participou do encontro do Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação Básica (PARFOR). Na ocasião, Davi B. Vieira - que também exerce a carreira de professor -, foi convidado a relatar e discutir um pouco acerca da companhia de teatro, além de contar um pouco acerca dos projetos atuais e história do conjunto.
A PARFOR, na modalidade presencial, é um programa emergencial que visa induzir e fomentar a oferta de educação superior, gratuita e de qualidade, para docentes em exercício na rede pública de educação básica. Coordenado pela UFC, o Polo de Jaguaribe está atendendo professores da rede pública de ensino municipal estadual dos municípios de Jaguaribe, Jaguaribara e Pereiro.





Publicado por: Carlos Ryan

domingo, 7 de julho de 2019


A Função Social do Artista.

Davi Bezerra Vieira - Diretor da Cia Íkarus de Artes Cênicas


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Antes de fazer uma observação da função social, penso ser necessária uma análise do seu papel, em âmbito individual. Penso ser necessário um entendimento do que vem a ser o artista e suas mais diversas significações.

Aliás, o que é ser artista?!

Transcrevendo o conceito de um meio midiático de grande circulação lê-se que o artista é Pessoa que exerce uma das belas-artes; Pessoa que exerce um ofício com gosto; Pessoa que interpreta uma obra musical, teatral, cinematográfica, coreográfica.”

Seguindo a mesma linha de raciocínio, lanço outro questionamento: Por que ser artista?

Fazendo uma análise histórica, sempre existiram artistas no fronte das revoluções, nas lutas pelas causas sociais, na defesa das classes oprimidas, na contra-mão da opressão. Sempre existiram (e felizmente existirão) "pensadores", "degenerados" que insatisfeitos com a situação vigente colocaram sua arte, seu sangue e suas vidas a serviço do bem comum, dos sonhos e do desejo de um mundo melhor PARA TODOS.  Assim, acredito que o porquê está na vontade intrínseca do ser humano do novo, de não se contentar com o mundo real (friamente racionalizado), na necessidade nata de modificar e de criar, de imaginar, de ser e/ou se ver no outro ou em na própria obra. 

É importante ressaltar, que o papel do artista não delineia apenas o social/cultural, mas também, o filosófico, a auto percepção e a percepção do mundo a sua volta. É em seu cerne uma obra em concepção, que parte, muitas vezes, de bases pouco técnicas pautada apenas na observação, na imitação e na intuição. 

Entretanto, cabe destacar que em determinadas situações a ausência de técnica "formalizada" não diminui a relevância do trabalho do artista, na medida que existem, mesmo de forma rudimentar e intuitiva,  artifícios que embelezam seu fazer artístico.

Em suma, além de seu tremendo peso histórico penso que nós artistas, validamos nosso modo de pensar e de ser, através de nosso fazer artístico, da nossa visão da sociedade, da nossa bagagem cultural, nossas indignações, nossa sensibilidade, da nossa individualidade e, ao mesmo passo, da nossa coletividade. 

Somos, portanto, agentes que redefinem, reafirmam e repensam o meio onde estamos inseridos, através de nosso corpo, nossa fala, nossos fazeres e saberes.

Todo artista é um artífice da sociedade. Somos o operário e somos a obra! SOMOS!