quarta-feira, 26 de junho de 2019

"Qual a sua visão de teatro, antes e depois da Cia Ikarus?" - Parte 1

A seguinte pergunta foi feita aos membros da Cia Ikarus. Confira as respostas:


"Qual a sua visão de teatro, antes e depois da Cia Ikarus?"



Jonas Fortuni: "É interessante como a Cia. Ikarus quebra ainda mais a expectativa sobre o teatro. Geralmente, em Jaguaribe, a população adquire sua concepção sobre teatro a partir de apresentações escolares e afins que trazem consigo uma superficialidade artística com muita discrepância do que realmente deveria ser. Muitas vezes não há técnica, trabalho do ator, concepção cênica... é realmente brincar de fazer teatro. Infelizmente, isso mancha a imagem da arte teatral no conceito das pessoas, que aprendem a desvalorizá-lo. E essa era a minha concepção antes de conhecer a Cia. Ikarus. Eu não gostava de teatro (ou pelo menos do que eu achava que era teatro). Muito provavelmente se eu tivesse conhecido o trabalho de um grupo naturalista (que é o teatro mais comum que conhecemos), já teria uma visão mais favorável. Mas conhecer o trabalho expressionista da Ikarus foi mágico. Depois que você passa a fazer teatro, encontra duas realidades: a magia que você não quer nunca mais largar e a enorme responsabilidade que há por trás de ser um ator. Então, antes, o teatro me era algo sem graça e facilmente substituído pela TV. Hoje, é uma arte efêmera formidável que possui elementos únicos que não se equiparam às telinhas."

Bruno Silva: "Eu sempre vi a arte como algo magnífico, mas depois que eu entrei na Ikarus comecei a admirar, estudar mais a fundo o teatro. O teatro para mim é tudo, tudo mesmo, e agora não vivo sem a arte."

Julian Cardoso: "Teatro, pra mim, era uma forma de contar uma história de várias formas e com várias possibilidades. Mas hoje minha visão, além do que eu já falei, é que também é uma forma de você se expressar e esquecer do mundo, até porque quando você está em cena, você não é você, e sim o personagem."

Milena Freitas: "Antes via como apenas uma apresentação, os atores se caracterizavam, jogavam suas falas ali e pronto. Mas não, hoje vejo que teatro não é simplesmente isso, teatro é você se sentir dentro do personagem, entrar dentro dele, deixar de ser você, mostrar suas expressões para que o público entenda melhor aquela sua mensagem que está a passar."

Hava Maria: "Antes de eu conhecer o teatro, eu não fazia ideia de quanto ele era/é importante na sociedade. Atualmente, eu vejo essa importância. Pois ele trata de questões sociais que ainda existem e a população insiste em não ver. Através da Cia Ikarus, eu pude me descobrir mais como ser humano. Passei a analisar tudo de uma nova perspectiva."

Yasmin Alves: "A arte sempre fez parte de mim, mas eu nunca soube entende-la. Eu me achava diferente e deslocada por ter algo em mim que eu não compreendia e que poucos pareciam ter, às vezes eu via como errado. Porém, depois que entrei para a Cia, eu comecei a ver o teatro como uma forma de entendimento dessa arte. O teatro me ajudou a falar melhor sobre o que eu penso e quero, apesar de ser uma arte que trabalha mais o corpo, influenciou em minha mente. Eu precisava dessa dose de vida e o teatro,  juntamente dos atores, me deu isso. Só tenho a agradecer e vejo que a cada dia estou evoluindo, quero crescer como pessoa e atriz. Mas, respondendo à pergunta central, o teatro se transformou em algo essencial para mim, o qual eu não consigo viver sem."

Peso de Papel: "Antes da Cia Ikarus, minha concepção de arte era bem limitada. Eu achava que arte, o teatro em si, era uma coisa mais inútil, só mais um adereço na vida, facilmente descartável, não tinha importância alguma. Depois da Ikarus, eu me apaixonei eternamente pelo teatro, pela arte de encenar, e hoje, eu realmente não consigo me ver sem. Porque é uma coisa que me trouxe um amadurecimento gigantesco."

Matheus Freire: "Então, antes de eu entrar para a Ikarus minha visão era meio embaçada em relação ao mundo teatral, isto porque nunca havia tido uma relação próxima. Tal que entrei com o intuito de evoluir em vários aspectos. Logo, após esses 5 anos que sou membro da Ikarus posso dizer de uma forma segura e ampla que adquiri bastante conhecimento sobre o mundo das artes cênicas. Vale ressaltar também que o comprometimento que a Ikarus tem é sem igual, algo que nem sequer eu esperava. Por fim, a Cia é muito mais do que eu sequer pudesse imaginar."


Meryellen Bezerra: "Minha perspectiva sempre foi boa. E agora só melhora em saber que tudo é pensado de forma coletiva, desempenhando muito bem o papel da plateia em sentir as obras apresentadas."


João Victor: "Minha visão antes da Cia era de um mundo criativo, totalmente expressionista, artístico... Atualmente acho que realmente é um mundo totalmente diferente do que eu estou acostumado, mas não me arrependo de adentrar nesse universo artístico perfeito; onde me sinto bem em participar de teatros, debates, e trocas de conhecimento."

Roberto Campelo: "Antes era só de frente, hoje é de frente, de trás, de lado, na diagonal, etc."

Abrahão Lucas: "Antes, eu achava que teatro se resumia a alguns "padrões", como peças de comédia, drama, teatro infantil, eu não tinha conhecimento do quão imersivo e único pode ser o mundo das artes cênicas. Após a Ikarus, passei a ver a infinidade de sensações e conhecimento que o teatro pode nos passar, não se resume aos clichês que eu imaginava, uma peça, uma performance, um espetáculo, tudo isso pode e está sendo inovado a cada momento, seja ao assistir ou interpretar, o teatro nos molda, nos muda, faz com que saibamos mais sobre nós mesmos, e assim, permite que estejamos sempre num processo de redescobrimento."



Publicado por: Carlos Ryan